domingo, 19 de outubro de 2008

Sobre café, aspirinas e pessoas doces.


À Lella, minha Estella.

16:00. Precisava estudar e tava dando sono. Fiz uma quantidade absurda de café e me sentei à escrivaninha. Depois na mesinha do quintal, observando, de relance, Coelho brincar com as formigas.
"Gilgamesh, rei de Uruk...". Um gole.
"Enkiduh...". Outro gole.

20:00. As duas igrejas perto da minha casa iniciaram seus respectivos cultos dominicais. E eu, louca de cafeína, sob efeito de uma aspirina (minha cabeça começou a latejar não sei por que, e tomei uma) e muito elétrica, liguei o som e fui pro MSN.
Encontro Lella.
Lella me fala de doçura e de paixão, me mostra seu blog, me emociona. Me fala de filhos, de amores não vividos, de voz rouca, de falta de gestos e expressão. Me fala de pais cruéis, de tatuagens, de piercing, de cooper, do meu namorado, de blusas, vestidos e all stars.
Descubro que ela gosta das pernas. Eu também gosto muito das minhas. E das minhas costas, dos rins pra cima. Dos rins pra baixo não, tou muito gordinha dos rins pra baixo.
O conjunto olhos/nariz/boca dela é harmonioso, coisa que o meu não é. Pensando bem, eu só gosto da minha boca.
Lella acha que é a cara dela que afasta as pessoas. Ela também acha que é feia, gorda, cheia de bunda.
Eu vou emprestar um vestido meu pra ela, só pra mostrar que nada disso é verdade.
E eu procurando motivo pra voltar a estudar. Pra quê? Se Lella conversa comigo sobre coisas mais interessantes.

Aliás, eu fui mais ela do que eu. A culpa é do café, que mescla nossas personalidades.
(Peritos em M.H entenderão.)