É naquela suas divagações de manhã cedo, com aquela ressaca de cerveja e uísque, tomando um café bem doce sob o sol que você resolve todos os questionamentos da sua vida. O meu último era sobre por quê o amor ainda não tinha chegado pra mim. Tive uns namoros aqui, ali, nada que valha a pena chamar de "produtivo", ou "memorável", tampouco deixaram saudades, no máximo uma pontinha de raiva e muita frustração pelo tempo perdido. Mas amor? Esse danado parece um duende: vem, bagunça minha vida, me deixa de cabeça pra baixo (e, por vezes, sozinha) e eu ainda duvido que ele exista. Por razões muito bobas, e até muito simples, que até uma criança de 5 anos entenderia. Vamos aos fatos.
Júlia conheceu Paulo no curso de francês. Júlia: a menina brilhante e tagarela que estava de intercâmbio de 6 meses na Europa marcado e que nunca deu a mínima pra relacionamentos. Paulo: o cara amargo, desacreditado nas mulheres e até um pouco machista que pagava pra ver quem amoleceria seu coração. Os dois começaram a ficar e quando pensaram que não trocaram alianças... com ela na casa do caralho. Estão juntos até hoje.
Rafael conheceu Joana no pagode. Ela: a menina recém solteira, cheia de planos de estudar e trabalhar. Ele: o vagabundo com um emprego meia-boca que sustentava o cigarro e a cerveja. Namoraram, Joana engravidou e mesmo sendo uma barra muito pesada vivem juntos e muito bem criando o Gabriel, de 6 meses.
Alice conheceu Luís num sei quando nem sei onde. Ele: de gêmeos. Ela: de escorpião. Todo mundo que tem conhecimentos ralés em astrologia sabe que esse é um par improvável. Ainda tem o agravante de Alice ter se mudado a pouco de São Paulo pro Rio Grande do Sul, mas estão namorando.
Eve conheceu Eduardo num congresso em Fortaleza, num desses encontros que você vai pra aloprar, beber, se drogar e arrumar alguém legal pra dividir uma barraca de camping. Ela: fofa, linda, sorridente, mas estava bem solteira. Ele: não conheço. Se reencontraram em Sergipe, mantiveram contato pela internet, o negoço cresceu, Eve foi pro Piauí (onde Eduardo mora) e voltou namorando. À distância, mas namorando.
Agora vamos ao meu caso.
Eu: vocês já devem tá carecas de saber.
Conheci meu primeiro namorado na faculdade. Ele: um cara legal que todo mundo adorava ter como amigo, inclusive eu. Namoramos um ano e meio até que uma amiga minha viu ele com outra. Ele jurou que não era, mas verdade ou mentira não tou a fim de voltar atrás na minha decisão.
Meu segundo namorado conheci na internet enquanto procurava alguém pra gravar os epi's de Dr. House num DVD. No fim das contas House foi pra puta que pariu e a gente começou a namorar. Tudo lindo e romântico como deve ser até ele começar a me sufocar e eu parar com o cigarro, o álcool e meus vícios. Não dá pra competir, né? Tive que mandá-lo pastar.
Meu terceiro namorado eu nem devia ter conhecido. Mas já que conheci e me apaixonei, resolvi dar uma chance. Daí que ele foi um canalha e eu ainda levei um pé na bunda.
Você pode até achar, caro leitor, que esses são mais personagens daqueles bem mirabolantes que eu invento pra escrever meus contos. E tou usando uma mentira pra justificar um sentimento amargo.Mas se todos eles vieram a tona e se eu acredito tão piamente que o amor não é pra mim por causa deles é por um único motivo:
Todos eles existem.
Ps: se usei indevidamente a imagem de alguém, se alguém se sentiu exposto ou ofendido, por favor, avise que tomarei providências.