Kubrick nosso que estais no céu
Chapados sejam os teus roteiristas
Venha à nós a vossa lombra
Que tuas histórias nos encuquem contra nossa vontade
Assim no cinema como no sofá
Delarge's e HAL's de cada dia nos dai hoje
Perdoai nossas ignorâncias assim como nós perdoamos vossa superestimação de nossas inteligências
E não nos deixeis cair no lugar comum
Perdoai nossas más interpretações, amém
sábado, 31 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Soneto longo e negativo
Não crie expectativas comigo
Não cobre nada de mim
Não espere que, de mim, partam declarações
Eu tenho asas e elas não me permitem prender à você
Não sou linda, não me comovo quando você me chama assim
Não sonho com você, não tenho tempo pra isso
Aliás, quando durmo, estou tão cansada que não sinto a noite findar
Não torça pra eu me ferrar, sequer me preocupei em brincar com seus sentimentos
Não pense em mim, eu não penso em você
Não ligue pra ouvir minha voz, estou ocupada demais
Não condene meu cigarro; você vai embora, ele não
Não se preocupe comigo, nem eu me preocupo... comigo!
Não queira conhecer minhas faces, minhas máscaras não são peças de exposição
Não acompanhe meus passos, eles são tortos de propósito
Não queira despertar remorso em mim, repito, sequer me preocupei em brincar com seus sentimentos
Eu não te amo, não te quero, não me interessa você
E se ainda se perguntar porque deixei você entrar na minha vida, tudo bem
Eu respondo:
Eu não presto.
Não cobre nada de mim
Não espere que, de mim, partam declarações
Eu tenho asas e elas não me permitem prender à você
Não sou linda, não me comovo quando você me chama assim
Não sonho com você, não tenho tempo pra isso
Aliás, quando durmo, estou tão cansada que não sinto a noite findar
Não torça pra eu me ferrar, sequer me preocupei em brincar com seus sentimentos
Não pense em mim, eu não penso em você
Não ligue pra ouvir minha voz, estou ocupada demais
Não condene meu cigarro; você vai embora, ele não
Não se preocupe comigo, nem eu me preocupo... comigo!
Não queira conhecer minhas faces, minhas máscaras não são peças de exposição
Não acompanhe meus passos, eles são tortos de propósito
Não queira despertar remorso em mim, repito, sequer me preocupei em brincar com seus sentimentos
Eu não te amo, não te quero, não me interessa você
E se ainda se perguntar porque deixei você entrar na minha vida, tudo bem
Eu respondo:
Eu não presto.
domingo, 30 de agosto de 2009
Carroll, Tolkien e eu.
The surreal parade.
Me debruço na janela, segurando minha caneca azul fosco cheia de café requentado. Não demora muito e Alice aparece correndo atrás de seu Coelho Branco. Tão loira (ou morena, as ilustrações de John Tenniel são em preto e branco), serelepe, curiosa e instigada, se emburaca rumo ao desconhecido, que lhe engole numa única abocanhada.
Logo em seguida, me aparece um exército de Ents. Cascas grossas, velhas sábias, cruéis e onipotentes, não há machado que as derrubem ou palavras que lhe desmintam. Barbávore, mais velha, me sorri desajeitadamente, e minha caneca treme com os passos das gigantes anciãs.
Incrédula, testemunho todos os meus conhecidos da faculdade vindo logo atrás. Alguns, inclusive, ousam pendurar-se nos galhos das árvores retardatárias do último desfile. Outros, pouco mais atrás, lêem Le Goff, Duby, Bloch e até Sartre. Os da parte final bebem, fumam e cantam numa só algazarra. Provável que eu, se não na minha posição de mera espectadora, estaria no meio deles.
Boca maldita! Mal me menciono, venho eu. Uma mochila, um par de all stars, alguns cigarros e folhas em branco. Lágrimas. Eu choro perante tanta fantasia e pouca vontade. Muita vontade e pouco tempo. Muito tempo e pouca coerência. Pareço confusa, dando um tempo de mim, da minha vida, do trabalho, do café, do cigarro, de Coelho, de Estella...
Mas sei e sinto que não morri. Nunca estive tão viva. Muda, mas viva. Desenterro contos, escrevo outros, rasgo a maioria, mas não os abandono. Nem que eu permaneça dopada, escrevo. O que vi, o que fiz, o que sou ou deixo de ser.
Perdão, M.H voltou.
Me debruço na janela, segurando minha caneca azul fosco cheia de café requentado. Não demora muito e Alice aparece correndo atrás de seu Coelho Branco. Tão loira (ou morena, as ilustrações de John Tenniel são em preto e branco), serelepe, curiosa e instigada, se emburaca rumo ao desconhecido, que lhe engole numa única abocanhada.
Logo em seguida, me aparece um exército de Ents. Cascas grossas, velhas sábias, cruéis e onipotentes, não há machado que as derrubem ou palavras que lhe desmintam. Barbávore, mais velha, me sorri desajeitadamente, e minha caneca treme com os passos das gigantes anciãs.
Incrédula, testemunho todos os meus conhecidos da faculdade vindo logo atrás. Alguns, inclusive, ousam pendurar-se nos galhos das árvores retardatárias do último desfile. Outros, pouco mais atrás, lêem Le Goff, Duby, Bloch e até Sartre. Os da parte final bebem, fumam e cantam numa só algazarra. Provável que eu, se não na minha posição de mera espectadora, estaria no meio deles.
Boca maldita! Mal me menciono, venho eu. Uma mochila, um par de all stars, alguns cigarros e folhas em branco. Lágrimas. Eu choro perante tanta fantasia e pouca vontade. Muita vontade e pouco tempo. Muito tempo e pouca coerência. Pareço confusa, dando um tempo de mim, da minha vida, do trabalho, do café, do cigarro, de Coelho, de Estella...
Mas sei e sinto que não morri. Nunca estive tão viva. Muda, mas viva. Desenterro contos, escrevo outros, rasgo a maioria, mas não os abandono. Nem que eu permaneça dopada, escrevo. O que vi, o que fiz, o que sou ou deixo de ser.
Perdão, M.H voltou.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Um grito
terça-feira, 3 de março de 2009
Estella
Ela estava quietinha, lendo uma história em quadrinhos qualquer. A professora conversava com a turma alguma coisa que não lhe interessava. Até que:
-Estella, sua vez!
Ela estava atordoada. "Logo agora que a Tempestade vai beijar o Wolverine?"
-Minha vez de quê?
-De participar do jogo do dia.
Era sexta, dia de jogo. Estella odiava, seus amiguinhos sempre vinham com respostas idiotas pras perguntas mais idiotas ainda daquela mulher que deveria ser inteligente (pelo menos, teoricamente) fazia.
-Qual o jogo?
Estella tinha que dizer uma palavra que achava bonita.
-Mas eu não sei o significado, professora, acho melhor não dizer. Minha mãe sempre me fala pra não dizer o que eu não sei o significado.
-Mas estamos todos aqui para aprender, querida. Não é, pessoal?
Todos, como bons cúmplices da mulher infantilizada que liderava o bando de macaquinhos adestrados, ovacionaram um "ééé..." para Estella.
Numa espontaneidade única, Estella respondeu:
-Volúpia.
Responde essa, professora.
-Estella, sua vez!
Ela estava atordoada. "Logo agora que a Tempestade vai beijar o Wolverine?"
-Minha vez de quê?
-De participar do jogo do dia.
Era sexta, dia de jogo. Estella odiava, seus amiguinhos sempre vinham com respostas idiotas pras perguntas mais idiotas ainda daquela mulher que deveria ser inteligente (pelo menos, teoricamente) fazia.
-Qual o jogo?
Estella tinha que dizer uma palavra que achava bonita.
-Mas eu não sei o significado, professora, acho melhor não dizer. Minha mãe sempre me fala pra não dizer o que eu não sei o significado.
-Mas estamos todos aqui para aprender, querida. Não é, pessoal?
Todos, como bons cúmplices da mulher infantilizada que liderava o bando de macaquinhos adestrados, ovacionaram um "ééé..." para Estella.
Numa espontaneidade única, Estella respondeu:
-Volúpia.
Responde essa, professora.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Azul e verde.
Lou havia acabado de enxugar uma lágrima quando uma mulher aparentando seus 35 anos, acompanhada de duas meninas lindas, se aproximou da beira do lago, onde estava sentada. Era um agradável fim de tarde pra sentar na grama e dar comida aos patos enquanto as crianças corriam de um lado pro outro. As duas meninas, muito sapecas, rolavam na grama. A moça tirou um livro da bolsa e começou a ler, e de vez em quando olhava as duas meninas para conferir se estava tudo bem.
Lou chorava baixinho à exatas 12 horas, e a cabeça ia explodir.
Até que, como um feixe de luz que invade uma caverna inexplorada, uma das meninas, de cabelos cacheados e rebeldes, aponta pro lago e explode num grito:
-Olha lá, o mar!
A outra menina, de vestido roxo, instantânea e revoltadamente, responde:
-O mar é azul! Aquilo é um lago! Não tá vendo que é verde?
Lou mais uma vez derramou uma lágrima, mas pelo menos escorreu no meio de um sorriso.
Por mais tímido que fosse, era um sorriso.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Férias
As aspirinas já vão grátis logo após o último ponto.
Escrevi algo indigno de minha pessoa
Tão indigno que se o leitor me encontrasse na rua, me esbofetearia a cara e me julgaria insana
Não sei como Sir Ivaldo Jr não o fez, ele foi o único infeliz que leu tal porcaria
Por fim, me arrependi e apaguei
Não perca tempo, vá direto pro texto a baixo.
Ascos de M.H.
Escrevi algo indigno de minha pessoa
Tão indigno que se o leitor me encontrasse na rua, me esbofetearia a cara e me julgaria insana
Não sei como Sir Ivaldo Jr não o fez, ele foi o único infeliz que leu tal porcaria
Por fim, me arrependi e apaguei
Não perca tempo, vá direto pro texto a baixo.
Ascos de M.H.
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