Analítica.
Ana era uma pedra. Um cubo de gelo. Não, uma pedra mesmo, gelo derrete; Ana não derreteria nem no inferno. E Léo sabia disso. Tanto que quando Ana bateu no seu carro naquela manhã ensolarada de sábado ele nem dialogou muito quando ela foi descendo do carro assinando o talão de cheques, e perguntando quanto ele queria pelo dano causado. O cachorro dela, um dálmata, desceu do carro no seu encalço. Porém os cabelos vermelho-berrante dela não o deixavam olhar pra outra coisa que não fosse aquela silhueta quase atlética envolvida numa canga de praia azul.
-Mas você não vai nem discutir? Perguntar se eu estou louco ou cego?
-Tenho cara de quem tem tempo pra isso?
E ela foi embora. Cantando pneus e tudo. Os danos nem tinham sido tão grandes, mas só o fato de uma desconhecida ter batido no seu carro e sequer ter discutido lhe deixou intrigado. E foi pra casa pensando nela, em como encontrá-la, no que falar pra ela.
Ironicamente, Ana sequer lembrava da cara do infeliz do semáforo da rua 15. E se passaram quatro anos nessa ironia quando, ironicamente, Léo, distraído pensando na desconhecida, bateu na traseira de um Fox preto, com um macaquinho pendurado no pára-brisa. Dele, saiu uma mulher. E qual não foi sua surpresa quando reconheceu aqueles cabelos vermelho-berrante da pedra que havia batido em sua traseira quatro anos antes. A diferença é que essa falava. E falava muito.
-Você tá louco, seu filho da puta?! Não viu o semáforo vermelho?!
Ele estava atordoado. Não sabia se realmente era ela, sequer lembrava se o carro de quatro anos atrás era o mesmo. Só lembrava da cena, e do cachorro. Não precisou pensar muito pra lembrar que era um dálmata. E também não demorou muito pra um dálmata botar a cabeça do lado de fora da janela traseira, seguindo a dona com o nariz, como quem quisesse saber pra onde raios ela ia. Era ela, definitivamente. E Léo não esperaria quatro anos novamente.
-Quero ressarcimento, você entendeu? Meu carro não tem nem um mês e aparece um palhaço...
Ele a beijou. E todos os seus anseios foram embora.
Quatro anos se passaram. E eu acabei de receber o convite pro casamento dos dois.
Ana era uma pedra. Um cubo de gelo. Não, uma pedra mesmo, gelo derrete; Ana não derreteria nem no inferno. E Léo sabia disso. Tanto que quando Ana bateu no seu carro naquela manhã ensolarada de sábado ele nem dialogou muito quando ela foi descendo do carro assinando o talão de cheques, e perguntando quanto ele queria pelo dano causado. O cachorro dela, um dálmata, desceu do carro no seu encalço. Porém os cabelos vermelho-berrante dela não o deixavam olhar pra outra coisa que não fosse aquela silhueta quase atlética envolvida numa canga de praia azul.
-Mas você não vai nem discutir? Perguntar se eu estou louco ou cego?
-Tenho cara de quem tem tempo pra isso?
E ela foi embora. Cantando pneus e tudo. Os danos nem tinham sido tão grandes, mas só o fato de uma desconhecida ter batido no seu carro e sequer ter discutido lhe deixou intrigado. E foi pra casa pensando nela, em como encontrá-la, no que falar pra ela.
Ironicamente, Ana sequer lembrava da cara do infeliz do semáforo da rua 15. E se passaram quatro anos nessa ironia quando, ironicamente, Léo, distraído pensando na desconhecida, bateu na traseira de um Fox preto, com um macaquinho pendurado no pára-brisa. Dele, saiu uma mulher. E qual não foi sua surpresa quando reconheceu aqueles cabelos vermelho-berrante da pedra que havia batido em sua traseira quatro anos antes. A diferença é que essa falava. E falava muito.
-Você tá louco, seu filho da puta?! Não viu o semáforo vermelho?!
Ele estava atordoado. Não sabia se realmente era ela, sequer lembrava se o carro de quatro anos atrás era o mesmo. Só lembrava da cena, e do cachorro. Não precisou pensar muito pra lembrar que era um dálmata. E também não demorou muito pra um dálmata botar a cabeça do lado de fora da janela traseira, seguindo a dona com o nariz, como quem quisesse saber pra onde raios ela ia. Era ela, definitivamente. E Léo não esperaria quatro anos novamente.
-Quero ressarcimento, você entendeu? Meu carro não tem nem um mês e aparece um palhaço...
Ele a beijou. E todos os seus anseios foram embora.
Quatro anos se passaram. E eu acabei de receber o convite pro casamento dos dois.
Um comentário:
Ironicamente, eu lembrei daquele verso bastante brega "Teus lábios são labirintos, Ana, que atraem os meus instintos mais sacanas".
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