quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meus últimos pedaços.

Às vezes só é preciso aparecer alguém na sua frente com uma boa idéia e um sorriso simpático pra você perceber o quanto pode fazer por si mesmo.
Eu precisei ir ao fundo do poço pra entender que minha natureza me chamaria independente de onde eu estivesse.
Eu precisei pensar em fazer um jardim em baixo da escada pra perceber o quão amarga estava minha vida.
Eu precisei sorrir quando o que mais queria era chorar.
Eu precisei me pintar de forte.
Eu precisei me tornar Jocasta.
Eu precisei interferir na minha via crucis pessoal e segurar a mão do soldado romano pra não me levar meu último suspiro.
Eu tornei meus dias e minhas noites os mais insones e impróprios pra entender que tudo que eu precisava era eu mesma.
Era estar comigo mesma.
Vendo uma série, lendo um bom livro, ouvindo Björk enquanto via o pôr do sol.
Tomar um café no meu quintal enquanto meu cachorro comia nos meus pés.
Me maquiar com mais calma até decorar (de novo) os detalhes do meu rosto... e perceber o quanto ele estava mudado.
E esses são os frutos que eu colho.
A consciência que aprendi, e que fiz tudo que eu podia e principalmente o que não podia por um bem que não era meu.
Que sequer eu tinha obrigação de proporcionar.
Porquê quando nascemos somos completos.
Não precisamos de ninguém para nos completar; somos completos.
Autônomos para respirar e comer.
Essas funções básicas e primárias indicam o quão auto suficiente o ser humano é para certas coisas.
O qual completo ele deve se sentir desde o momento que se identifica como gente.
O quão completo ele deve se sentir para amar alguém ao ponto de somá-la.
O quão completo é ser humano e... completo.
E eu senti muita falta de me sentir assim.
De tocar no meu rosto e perceber que ele era meu.
De amar meu nariz só pelo fato de eu ser dona dele.
Mesmo que isso tudo custe pedaços e mais pedaços de meu ser.
Eu sabia que me devolver a mim mesma não me sairia muito barato.
Principalmente depois de ter me tirado de mim de maneira brutal e desumana.
De ter me negado e deixado de viver meu direito básico:
Comer e respirar.
Não nego que muitas vezes penso em desistir de tudo e voltar atrás em momentos.
Em palavras.
Em decisões.
Mas isso seria negar a mim mesma, e isso eu não me permito.
Já fiz uma vez, não gosto de repetir erros.
Principalmente os mais brutais.
Mesmo sabendo que se eu o fizesse, seria por amor.
Mas não por amor a mim, e isso seria me negar de novo.
E voltar ao meu erro.
E isso eu não faço.

Esses são meus últimos pedaços.
Até que eu decida não chorar mais.

2 comentários:

Barbie Destrossada(sic) disse...

Tudo eu absorvi e admiro toda a genialidade, observações e reflexões legítimas que pusestes.
Raro é o ser humano sincero consigo mesmo, porque mentir pro mundo é mais fácil. Mas mentir para si é vulgar, estúpido, raso.

Saiba que meu amor e meu respeito você não perdeu.
Bem vinda, novamente.

Pagu disse...

Parabéns por se devolver a si, encontrar de volta. Estava anciosa por isso. Bem-vinda de volta ao mundo!