0:18 num apartamento iluminado pela luz da lua cheia, que atravessava as janelas e as persianas teimosamente. Lucas, deitado no sofá em compainha de um cigarro, vestido só de samba canção, ouvia The Smashing Pumpkins pra lembrar devagar e constantemente de tudo o que tinha se passado até alguns momentos atrás, antes de Nadine atravessar a porta pra nunca mais voltar; o vôo dela ia partir às 06:30 da manhã com um único destino: sair da vida dele.
Billy Corgan sussurrava a letra de “Thirty-Three” ao meio som, à meia luz, e Lucas não queria que a Terra girasse essa noite, nem que o dia amanhecesse. Nadine ia embora, por culpa dele. Única e exclusivamente dele. Porque ele tinha medo de se apaixonar, porque ele não queria responsabilidade, porque ele nunca tinha deixado ninguém penetrar tão fundo em sua alma, em suas entranhas, como ela tinha feito; mulher alguma tinha lhe esbofeteado a cara lhe chamando de covarde, miserável, infantil, insensível...E ele nunca se sentiu tão convencido de que era tudo verdade.
Por que ele deixava ela fazer isso? Por que aquilo tudo não teve um final feliz? Por que ele não experimentou admitir que ela era a mulher de sua vida? Não só de sua vida; mas também de sua morte, do seu mundo, de todo ele.
21:30 Nadine bateu em sua porta. Não tiveram tempo de mencionar uma só palavra. Beijaram-se sofregamente, afogaram-se em um choro único, passaram horas trocando carinho no sofá, fizeram amor quantas vezes lhe saciassem a vontade; tudo sem mencionar uma palavra. Haviam se tornado um só sem que percebessem. Mas Lucas, com medo, insegurança e até um pouco de egoísmo, não se deixou ser dela por completo. Ainda faltava parte dele nela; e com migalhas, ela não se conformava.
-Vim aqui por que vou embora pra sempre. - Nadine falou com a cabeça encostada em seu peito, vestida com a camiseta dele. Nunca estivera tão linda.
Foi um choque. Haviam passado outras noites juntos, tudo era tão perfeito. Depois ela ia embora (ou ele ia), dormiam em casas separadas, se encontravam no outro fim de semana e o ciclo se reiniciava.
Mas por que ele se recusava a ser dela? Por que, se tudo era tão perfeito e mágico? Qual o problema? Tantas pessoas viviam juntas, dormiam e acordavam juntas, dividiam os problemas, as toalhas e as alegrias; por que ele não se via fazendo isso com ela? Logo com ela! Por que ele não enfrentava esse medo absurdo de ser de alguém; ainda mais de uma mulher como Nadine, que lhe ensinou a acreditar em amor, quando nem ela mesma achava que isso existia?
Por que?
Chorava. Como a criança que ela sempre dizia que ele era, por ter que amargurar o resto de sua vida por ter conhecido alguém que o completasse e deixa-la ir assim; e por ser um imbecil em não ter coragem de impedir. Queria morrer aquela noite. Que cada cigarro que fumasse anulasse um ano de sua existência, que cada gole de uísque lhe levasse um pedaço de si; e que o doce hálito dela lhe trouxesse de volta desse pesadelo e que a realidade fosse diferente, com ela do seu lado, com o apartamento iluminado e alegre tocando um punk rock daqueles que só eles sabiam curtir e que ela estivesse linda, circulando com sua camiseta do Doors e aquela cuequinha branca de algodão que ele adorava. Chamando ele de “meu palhaço”, prendendo os cabelos com as canetas que ele jogava na escrivaninha, exalando seu perfume em cada cômodo, em cada objeto, inclusive nele mesmo. Chamá-la de “minha mulher” e poder ser o homem dela.
Ainda podia fazer isso.
Ainda podia enfrentar o medo que tinha de ser feliz e impedir a ruína do seu resto de vida.
Levantou-se e correu pro banheiro, onde lavou o rosto e vestiu uma calça e uma camiseta qualquer que estavam jogados no chão. Apanhou as chaves do carro e do apartamento frenético e trêmulo, os cabelos desgrenhados, presos de qualquer jeito caindo nos ombros, a barba por fazer, mas não se importava; ela gostava dele assim.
Ele tinha que chegar no aeroporto antes do avião levantar vôo.
6:20 quando finalmente estacionou o carro. Saiu correndo, sem perceber o risco de tropeçar nos cadarços dos all-stars. Estava no portão de embarque quando olhou pro telão com a tabela de vôos. O das 6:30 havia partido há cinco minutos. Caiu de joelhos desesperado, surdo e desatento pra tudo o que estava acontecendo.
Desatento...
Tão desatento que não percebeu que, imediatamente atrás dele, estava Nadine de pé com a mochila nas costas, a mala na mão e um sorriso entre lágrimas.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
A noite.
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20 comentários:
poooooxa
to comentandoo
sou a primeira
eu vo comprar um livro teu doido
que bunita essa historia cara ç_ç
:******
talentos jovens
Se publicar um livro eu tuméim compro!
eu quase que... T_T
=***
M.H., minha querida M.H., teus sentimentos mais mais mais internos transformados em histórias... Boa idéia, M.H.!
E só pra lembrar, eu também compraria um dos teus livros.
Beeijos
Reconheci pessoas lendo essa história, talvez um pouco a mim mesma. Prazer em conhecer seu blog. Parabéns.
Guest e Anne: Feliz com a emo~çao de vcs!
Sophia: É assim que eu desabafo e metade do peso vai embora.
Simples assim: Prazer em tê-la por aqui...adoraria ler o seu!
Estimo-os, caros leitores.
Abraço.
M.H
Ora, isso lembra muito um amigo meu. Dimmie. Já ouviu falar? Dimitri... =)
É, Maria. Como no post anterior, muito se especula sobre quem é Maria Helena. Saiba que nem eu nem Dimitri duvidamos de como é você. Temos boas idéias sobre quem é, e o porquê de ser. Mas vamos ficar na especulação.
O mundo perde a flor quando esta desabrocha, não é?
Esse nosso mundo urbano, deserto e profundo.
Não, profundo não.
Engraçado, Felipe falou exatamente da primeira pessoa que lembrei...
É... meu blog é privado. Não sei escrever, nem contar histórias, mas quem sabe se um dia desses eu começo a me arriscar?
Abraço!
http://cerebrolilas.blogspot.com/
Sophie é tão tu, MH. E tu é tão ela. E vocês são tão Dimi. =)
E dimi... Dimi é tão de vocês :]
Felipe: conheço nossa amiga Sophie...ahh, como conheço!
Não sabe como me faz bem saber que nosso mundo urbano, deserto e profundo(ok, nem tanto...) ainda existe(fumarei menos hoje). Dimie...Dimie com certeza deve existir pelo mesmo motivo que eu existo. Também prefiro ficar na especulação quanto à isso(apesar de saber e adimirar como você[s] é[são]).
Simples Assim: Sócrates não deixou nada escrito, e olha eu aqui falando dele! Escrever é uma arte ousada...mais ousados ainda são os que se aventuram à tentar fazê-lo(só por isso já pode se considerar grande!)
Ainda espero ler o seu.
Grata pelos comentários.
Beijos.
M.H
Me vi entre estas letras,vi amigas,vi conhecidos e pessoas de passagem!
Sabes o porquê,Maria?
Porque tens a incrível habilidade(por que não dizer talento?)de descrever o real através de ilusão!
Uma ilusão crua que nos derruba ao chão.
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Всем привет!
Недавно перед мной встала задача, куда деть накопишиеся [b]европоддоны[/b], или еще их называют [b]Паллеты[/b],
[b]Поддоны[/b], [b]Европаллет[/b]ы Размеры 800*1200, 1000*1200- Это [u]Тара Пром назначения[/u].
Немного предистории.
Сам я работаю кладовщиком на складе. Нам приходит много продукции на [b]Европоддонах[/b],
товар продаем а поддоны остаются, у нас встал вопрос куда их девать.
Раньше мы их сжигали.
Потом мне подсказали, что за поддоны можно получить деньги.
Начал звонить по фирмам везде были цены низкие,
потом знакомые мне подсказали, что в Челябинске есть такая Контора "[b]Уралсклад[/b]",
около 10 лет на Рынке Промышленной Тары с прекрасной репутацией.
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Цены закупочные оказались самые высокие в г. Челябинске.
Все цивилизовано грузчики загрузили [b]Паллеты[/b] ешё и лом поддонов купили, расчитались на месте наличными.
Про другие фирмы я узнавал либо Цены низкие, либо Бракуют много, да и денег от них не дождешься.
Так что если у вас завалялись [b]европоддоны[/b], не торопитесь их выбрасывать, лучше обменяйте их на деньги.
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