Anatômica.
Se o clima não estivesse tão quente, nem o quarto tão pequeno, nem o amor tão longe, nem as garrafas tão vazias, nem as carteiras de cigarro tão amassadas, nem a mãe tão perto, nem o trabalho tão tedioso, talvez Ana não quisesse explodir. Aquele forró horrível tocando ao longe, uma porcaria qualquer que ela chamava de fuleiragem music, dava-lhe vontade de ir até a janela e gritar pra qualquer filho da puta que passasse na calçada que desligasse aquela merda depreciadora do corpo feminino. Mas e Ana? E esse misto de coisas que se passavam na sua cabeça? E o tédio? A completa falta de emoção e cuidado consigo própria? E a vontade de sair na rua de camiseta e calça jeans só pra ver se ainda era desejável mesmo gorda, cheia de espinhas e celulite (era assim que se via no espelho, mas com certeza era exagero de sua mente deturpada)?
Tudo isso ia embora, ela só queria chorar. Talvez nem soubesse o motivo e isso a deixava ainda mais desesperada. Ana saiu, foi ao cine ver um curta, “O velho, o mar e o lago”. Ana chorou. Puta merda, Ana! Você também chora com cada besteira! E Ana nem ai. Queria ir pra casa, se arrependeu de sair e procurar estar no meio de tanta gente.
Voltou, enfiou-se no quarto, tão fundo que quando sua mãe entrou para chamar-lhe pro jantar sequer a viu encolhida num canto com o mp4 explodindo nos ouvidos. Pegou o telefone, ligou pra aquela melhor amiga que tava sumida, mas sempre atendeu seus chamados desesperados. Mais choro, reclamações, era um tal de “eu quero gritar” que ela não aguentava mais. E gritou.
Ana saiu do quarto um bagaço, com a maquiagem borrada, descalça, com o jeans desatacado e arrastou-se pro banheiro. Vomitou na privada, tomou um banho demorado, botou uma roupa limpa e dormiu.
No meio da noite, sangue. Muito sangue no short e na cama. Ana menstruou.
No banho Ana começou a rir quando lembrou que não queria explodir. Na verdade, era TPM.
Se o clima não estivesse tão quente, nem o quarto tão pequeno, nem o amor tão longe, nem as garrafas tão vazias, nem as carteiras de cigarro tão amassadas, nem a mãe tão perto, nem o trabalho tão tedioso, talvez Ana não quisesse explodir. Aquele forró horrível tocando ao longe, uma porcaria qualquer que ela chamava de fuleiragem music, dava-lhe vontade de ir até a janela e gritar pra qualquer filho da puta que passasse na calçada que desligasse aquela merda depreciadora do corpo feminino. Mas e Ana? E esse misto de coisas que se passavam na sua cabeça? E o tédio? A completa falta de emoção e cuidado consigo própria? E a vontade de sair na rua de camiseta e calça jeans só pra ver se ainda era desejável mesmo gorda, cheia de espinhas e celulite (era assim que se via no espelho, mas com certeza era exagero de sua mente deturpada)?
Tudo isso ia embora, ela só queria chorar. Talvez nem soubesse o motivo e isso a deixava ainda mais desesperada. Ana saiu, foi ao cine ver um curta, “O velho, o mar e o lago”. Ana chorou. Puta merda, Ana! Você também chora com cada besteira! E Ana nem ai. Queria ir pra casa, se arrependeu de sair e procurar estar no meio de tanta gente.
Voltou, enfiou-se no quarto, tão fundo que quando sua mãe entrou para chamar-lhe pro jantar sequer a viu encolhida num canto com o mp4 explodindo nos ouvidos. Pegou o telefone, ligou pra aquela melhor amiga que tava sumida, mas sempre atendeu seus chamados desesperados. Mais choro, reclamações, era um tal de “eu quero gritar” que ela não aguentava mais. E gritou.
Ana saiu do quarto um bagaço, com a maquiagem borrada, descalça, com o jeans desatacado e arrastou-se pro banheiro. Vomitou na privada, tomou um banho demorado, botou uma roupa limpa e dormiu.
No meio da noite, sangue. Muito sangue no short e na cama. Ana menstruou.
No banho Ana começou a rir quando lembrou que não queria explodir. Na verdade, era TPM.
Um comentário:
Não me encontro na deprê e nem em bombas.
Antes do sangue de peixe me encontro na demência.
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