quarta-feira, 12 de maio de 2010

Susan não sabia morrer

Era patética a forma como Susan falava em suicídio.
"Eu sou um lixo! Eu quero a morte! Prefiro ela à ter que viver nesse corpo!"
Talvez ela fosse tudo isso, e eu só me sentava com uma caneca de qualquer coisa quente (na maioria das vezes, café, meu companheiro eterno e inseparável) na primeira poltrona que visse pela frente, onde pudesse vislumbrar o espetáculo que era Susan arrancar tufos de cabelo e rasgar a camisola.
No fim de tudo, ela me olhava com os olhos inchados de chorar, a boca seca e meio torta de tanto gritar, a voz rouca e os cabelos desgrenhados, e perguntava;
-Por quê tá olhando pra mim?
Eu estava vendo uma macaca em trabalho de parto falando. Mas ao invés de dizer isso, eu respondia secamente com um "nada, uai" e continuava bebendo meu café, louca de curiosidade pra ver o chipamzézinho que ia sair dali.
-Posso ir lá fora acender meu cigarro? - Eu perguntava só pra provocá-la e vê-la recomeçar seu show pirotécnico de macaca-que-vai-parir.
O que, de fato, acontecia.

Um comentário:

alguém disse...

...mas morria a cada dia.