Falei com sua mãe, ela me disse que você andou tendo uns problemas. Andou tomando pílulas estranhas que te mantém dormindo, bebidas estranhas que te mantém acordada. E que só vive dopada caindo pelos cantos.
Isso não é bom, Sue, não faz bem pra você nem pro bebê que você tá esperando.
São só 9 meses, sua vida não vai parar.
Pelo contrário, em pouco tempo talvez ela recomece e você se destruindo, Sue.
Sue, não se aflija, você tem em mim um amigo. Um companheiro pra dividir as noites que você vai passar acordada trocando fraldas e dando de mamar. Alguém que vai baixar filmes pra você não sentir tanto tédio nessas horas. Alguém que vai revezar com você enquanto ele (ou ela) não dorme.
Eu quero esse bebê, Sue, não o mate.
Eu quero você, Sue, não se mate.
Estamos num período difícil agora, eu estou longe, não posso oferecer conforto maior, apesar de o querer muito.
Não estamos separados, Sue. Apenas distantes. Não se aproveite disso pra tomar decisões que tem haver com nossa vida... sozinha.
Eu não estou brincando, Sue. Se eu pudesse me juntaria a você nesse exato momento.
É desesperador passar por tudo isso aos 16, mas você não está sozinha. Mesmo com um monte de estúpido te apontando o dedo nas fuças e na barriga, que já deve estar bem saliente.
Eu estou aqui, Sue. E estarei ai em breve.
Esteja viva. E nosso bebê também.
Sue recebeu a carta cinco dias depois de Richard ter morrido num acidente de ônibus quando voltava de viagem.
Seis dias depois de ter abortado.
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