sábado, 16 de abril de 2011

Infelicidades, exceto por uma noite

Você pediu e assim se fez

A felicidade não passou perto

Não se sentiu nem o cheiro

O cheiro do encontro com o outro

Nem o da grama no jardim

Nem mesmo o do orvalho sobre a folha


Você falou que não queria ouvir palavra alguma

Foi o que se fez e nada se ouviu

Nem o som da música no bar

Nem o blues tocado pelo cego da esquina

Nem o do fogo acendendo um cigarro

Nem o da voz chamando com carinho


Você estava cheia das pessoas e queria estar sozinha

Era uma lady com voz de menina querendo seu cantinho

Era uma mulher que queria curtir o lençol da cama

Ouvir o som da fumaça saindo pela boca

Ver aquele filme que não via há tempos, nem que seja sentada na janela

Nem mesmo a sombra poderia fazer companhia, luzes apagadas então


Você pediu e assim se fez

Você queria me ver um pouco longe

Tentei não ser mais um chato por perto

Espero que o cigarro signifique um pouco de saudade

Saudade do som, daquela música a tocar e o cego no blues

Um último cheiro no pescoço que é para não deixar passar


A felicidade passou longe todo o ano

Mas, naquela noite ela foi só sua

Fui apenas sua a felicidade

E apenas sou por uma noite

Um pouco de felicidade, cheiro e companhia.


Yan Soares. Para sua mãe, Maria Helena Sobral.

Nenhum comentário: