segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vinte e um


Escrever acompanhada de uma caneca de café (dispensei o cigarro porquê tou gripada): foi assim que eu escolhi comemorar a última hora desse fatídico 25 de abril, regado à chocolate, visita de amiga que mal tem tempo pra cagar e comer (te amo, Lua), muita febre e retrospectiva da última viagem.
Estou ficando mais velha, porém continuo a mesma irresponsável, vagabunda e apaixonada de sempre. Acho engraçado quando as mães das minhas amigas olham pra mim e dizem "agora sim, alguém de maior na galera" como se isso fosse acabar com minhas bebedeiras. É uma idade complicada, todos esperam mais responsabilidade e maturidade, coisas que eu nunca tive. Fazer vinte e um não me faz mais madura, mais independente ou mais esperta.
Eu continuo amando ver desenho animado, mesmo adorando ler Nietzsche, Kundera e Machado.
Eu continuo amando ovos de chocolate branco com crocante embrulhado num papel rosa, aliás, esse foi o meu melhor presente de hoje.
Eu continuo ouvindo Alanis Morissette como se tivesse 16.
Eu adoro sentar e falar de esmalte, cabelo e maquiagem como se tivesse 15.
Eu ainda estou aprendendo a lidar com a dor e com a delícia do sexo casual.
Eu continuo com medo de dirigir.
Eu continuo com medo de filme de fantasma, exorcismo e sanguinolência.
Eu continuo amolecendo quando recebo carinho.
Ainda brinco no quintal com os cachorros, com meu primo de 3 anos pulando num colchão inflável ou com meu irmão no video game.
Fazer 21 me trouxe a tona uma essência que nem eu sabia que ainda tinha: as mesmas frustrações e medos de quando eu tinha idade suficiente pra ler Harry Potter e considerá-lo uma grande obra. O mesmo receio e curiosidade do desconhecido. A mesma vontade de ser duas pra atirar uma no mundo enquanto a outra continua segura e salva assistindo tudo. A mesma vontade de ter um grande amor. O mesmo medo de ser só um corpo que anda e fala (e normalmente não pensa).
Inseguranças, ciúmes. Só que com uma pitada tímida de maturidade.
A propriedade de poder me olhar no espelho e dizer "eu sou A-D-U-L-T-A" e me cobrar atitudes diferentes de um xilique, mesmo sabendo que tudo isso vai demorar porquê taurinos são seres ruminantes. Me dar ao luxo de deitar no sofá com um prato de brigadeiro vendo um filme bem triste, ou bem feminista. Usar decote, uma calça apertada, ou uma lingerie mais sexy nos dias que tou me sentindo gostosa. Ou uma calça bem folgada com uma camiseta do Capitão Gancho quando eu acordar me sentindo um patinho feio. Balançar meus cabelos ao vento quando tiver adorando eles. Ou escondê-los em baixo de uma touca de tricô quando os encontrar um lixo no espelho. Marcar bem os olhos e esconder as olheiras com maquiagem.
Me sentir mulher, sabe? Experiente, desejada ao mesmo tempo que frágil e insegura.
É tudo questão de tempo. E esse tempo acabou de chegar.

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